Tendências da qualidade do ar nas grandes cidades da América do Sul
A poluição do ar é um dos problemas ambientais mais persistentes na América do Sul, com a exposição aos poluentes do ar sendo associada ao aumento da mortalidade e morbidade. Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2016, 91% da população mundial vivia em cidades que ultrapassavam a diretriz anual PM2.5 da OMS (10μg / m3). Pesquisadores do NQualiAr publicaram neste mês um artigo na prestigiada revista científica Environmental Science & Policy, discutindo a situação atual e as mais recentes tendências da qualidade do ar nas grandes cidades da América do Sul.
Segundo o artigo, na América Latina e no Caribe, estudos afirmam que aproximadamente 100 milhões de pessoas estão expostas à má qualidade do ar, superando as diretrizes da OMS. Este estudo apresenta uma revisão das concentrações de longo prazo (anual) e curto prazo (diário) de dióxido de nitrogênio (NO2), dióxido de enxofre (SO2), material particulado (PM10 e PM2,5), monóxido de carbono (CO) e ozônio (O3), coletado entre 2010 e 2017 pelas redes de monitoramento automático de 11 áreas metropolitanas da América do Sul, incluindo três das 33 megacidades globais (Rio de Janeiro, São Paulo e Buenos Aires), e três das 34 maiores cidades em o mundo (Bogotá, Lima e Santiago). Apesar dos esforços para monitorar a qualidade do ar, em algumas cidades as informações sobre a qualidade do ar fornecidas pelas autoridades ambientais ainda têm pouca publicidade e apresentação, dificultando a tomada de medidas para episódios críticos de poluição do ar.
O material particulado anual (PM2.5 e PM10) monitorado em todas as cidades (2010-2017) excedeu as Diretrizes de Qualidade do Ar da Organização Mundial da Saúde (OMS-AQG). A diretriz anual de NO2 foi ultrapassada em pelo menos uma cidade entre 2010 e 2017, exceto em 2014. A maioria das concentrações médias diárias de SO2 na América do Sul ficou abaixo do WHO-AQG. Ainda assim, as Regiões Metropolitanas de Vitória, Rio de Janeiro e Belo Horizonte apresentaram valores acima das diretrizes da OMS e, para as duas últimas cidades, dos padrões intermediários da legislação nacional brasileira. A maior parte da concentração de ozônio (média contínua de 8 h) ficou abaixo do WHO-AQG, mas Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte apresentaram ultrapassagens desse limite entre 2010 e 2017. Embora algumas cidades da América do Sul tenham suas concentrações de poluentes reduzidas desde 2010 (PM2.5, por exemplo), como São Paulo, Vitória e Bogotá, a região não relata uma tendência na mesma direção, sendo continuamente superados as diretrizes da OMS e os padrões nacionais ou locais.
Principais destaques do artigo:
O estado atual da qualidade do ar (PM10, PM2,5, NOx, SO2 e O3) em grandes cidades da América do Sul foi avaliado.
As concentrações anuais de PM2.5 e PM10 excedem a diretriz da OMS em todas as cidades entre 2010 e 2017.
A concentração das médias anuais de SO2 ficou abaixo dos padrões nacionais em todas as cidades.
A rede de monitoramento da qualidade do ar na América do Sul tem baixa qualidade e consistência.
A região não relata tendência de redução das concentrações anuais de poluentes.
O artigo completo pode ser acessado no link:https://doi.org/10.1016/j.envsci.2020.09.009